Nestes últimos tempos, temos experimentado uma sucessão de catástrofes. São enchentes, terremotos, deslizamentos de terras, nevascas, tufões, queimadas, rompimentos de barreiras e se formos realizar uma pesquisa sobre estes acontecimentos, certamente encontraremos muito mais.
Existem ainda aquelas situações horríveis que temos experimentado, que estão ligadas à violência em que o mundo está envolvido. São elas as ações terroristas que se despontam em várias localidades, inúmeros suicídios, ações de jovens e adolescentes que entram em escolas armados, colocando fim na vida de muitos e na sua própria.
Todos estes eventos são marcados pela tristeza que nos deixa pasmos com tanta insensibilidade e desrespeito pela vida. Perdemos a eloquência das palavras em nossos lábios, pois o terror destas ações tem a capacidade de nos emudecer.
Passamos há três meses pela ocorrência de Brumadinho. Quando digo passamos, é porque tenho certeza que a grande maioria da população brasileira, viveu a dor dos familiares que perderam seus entes queridos. Hoje estamos indignados, juntamente com eles, dos descasos e irresponsabilidades dos órgãos competentes para exigir dos responsáveis por esta tragédia que assumam suas responsabilidades e não continuem ganhando tempo.
Outro acontecimento, posterior ao de Brumadinho: o desabamento de prédios na comunidade da Muzema, no rio de Janeiro. Ali ocorreu outra tragédia. Famílias inteiras dizimadas, muitas pessoas presas embaixo dos escombros. Muitos bombeiros, socorristas, trabalhando, a população se voluntariando para ajudar.
Mas em meio a tudo isto fiquei impactada com uma reportagem televisiva, que mostrava uma senhora que morava na localidade. Ela foi logo pela manha, antes de ir ao trabalho, com um bolo que havia feito, levando para aqueles que incansavelmente trabalhavam a noite toda para resgatar vidas.
Olhando esta atitude isoladamente, poderíamos pensar, no que um bolo, que provavelmente não seria suficiente para que todos comessem, poderia ajudar em alguma coisa.
Na hora em que vi aquela senhora, dizendo que pensou em adoçar a vida daqueles que incansavelmente trabalhavam para responder aos anseios dos familiares que aguardavam por noticias, devo confessar: chorei.
Visto com um olhar comum era uma atitude sem importância, apenas uma simples atitude, que não faria qualquer diferença diante daquele caos.
Mas aquela atitude tinha um significado tremendamente relevante. O que ela fizera era um bolo que representava o seu melhor, cheio de carinho, de gratidão, de emoção, de amor, de esperança. Não sei se aquele bolo era de chocolate, baunilha, milho, fubá, ou se simplesmente era um bolo de nada (bolo simples), como costumo responder para meus filhos ao perguntarem: é bolo de quê?, quando sentem o cheirinho de bolo assando no forno.
Um bolo tão gostoso, que mesmo sem experimentá-lo, consegui saboreá-lo em meio às lagrimas e sentir a qualidade que tinha.
Um bolo que nos faz lembrar que o ser humano é lindo, que sua essência é boa, que há esperança para a humanidade.
Uma atitude como a desta senhora e como tantas outras que se despontaram em meio às tragédias, é que fazem a vida valer a pena.
Atos de solidariedade, de pessoas que se dispõem a ajudar sem nenhum interesse, somente pelo fato de diminuir a dor do outro, é aquele sentimento de empatia que vem à tona e que nos coloca na posição de ajudar sem críticas e julgamentos, somente para ajudar, como gostaríamos de ser ajudados se estivéssemos na situação do outro.
Li um artigo sobre solidariedade, em que o autor, Sr. Valdir José de Oliveira Filho diz que: “Quem recebe um ato solidário conquista benefícios, é claro. Mas quem oferta momentos de afago, carinho e doação aos outros ganha ainda mais. Pesquisas indicam que trabalhos voluntários altruístas estimulam a alegria, aliviam as tristezas e aumentam a imunidade, evitando doenças.”
Diante desta declaração, manifestar a nossa essência primária além de demonstrar o que realmente somos, contribui para uma melhor qualidade de vida para todos, inclusive para quem doa.
Talvez seja esta atitude de muitos no particular, no dia a dia, no anonimato, que sustente a vida de nossa espécie, em meio a tantas noticias ruins.
Por hoje é só. Até o mês que vem.
Autora: Conceição Fernandes
Psicóloga - CRP: 06/132440
VoltarTem alguma dúvida? Nós podemos te ajudar!
Clique aqui e mande uma mensagem para:
Whatsapp: (11) 97594-3667.! ou: Whatsapp: (11) 99594-5714.!
De Segunda à Sexta: das 8h00 às 20h00
Rua Santa Cecília, 417 Sala 14 - Agenor de Campos - Mongaguá/SP